segunda-feira, 30 de junho de 2014

La Fleur (Mathieu Chedid)

Une dédicace à toutes les fleurs victimes de la pollution.
Boa semana!

 

La Fleur, par Mathieu Chedid

J'ai aimé une fleur
Elle m'a appris l'amour
Elle m'a appris les pleurs
C'était si naturel
J'étais tellement pollué
Elle était tellement belle
J'aimais la renifler

La fleur
Alors je ferme les yeux
Pour reprendre des couleurs
Mais l'orage m'émeut
Et le noir me fait peur
La tristesse m'assassine
C'est la mort qui m'effleure
J'ai perdu c'est un signe
Capucine la fleur

La fleur

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Canção do tempo - Ary dos Santos

Poema de José Carlos Ary dos Santos sobre o tempo, musicado e interpretado pela belíssima voz de Fernando Tordo.

Bom fim-de-semana.

https://youtu.be/BvN70VZrfqY



Canção do tempo

Para um tempo que fica
Doendo por dentro
E passa por fora
Para o tempo do vento
Que é o contratempo
Da nossa demora
Passam dias e noites
Os meses...os anos
O segundo e a hora
E ao tempo presente
É que a gente pergunta
E agora...e agora

Tempo
Para pensar cada momento deste tempo
Que cada dia é mais profundo e é mais tempo
Para inventarmos outro tempo menos lento
Tempo
Dos nossos filhos aprenderem com mais tempo
A rapidez que apanha sempre o pensamento
Para nascer, para viver, para existir
E nunca mais verem o tempo fugir

Ai...o tempo constante
Que a cada instante
Nos passa por fora
Este tempo candente
Que é como um cometa
Com laivos de aurora
É o tempo de hoje
É o tempo de ontem
É o tempo de outrora
Mas o tempo da gente
É o tempo presente
É agora...é agora

Tempo
Para agarrar cada momento deste tempo
E terminar em absoluto ao mesmo tempo
Em temporal como os ponteiros do minuto
Tempo
Para o relógio bater certo com a vida
Que um homem bom que um homem sao que um homem forte
Que não chegava a conseguir fazer partida
E que desperta adiantado para a morte

Ary dos Santos

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O Homo cuniculis. Sabeis quem é?

Descobri que o boasnotícias.pt é uma lufada de ar fresco no que se refere a notícias, que são geralmente más e deprimentes noutros sites.
A descoberta vem do Quénia e refere agora, dois milhões de anos depois, que o Homo erectus não viveu sozinho, e ainda bem!
Sem centros comercias, cinema, música, satélites, consolas de jogos, internet, livros e sem a capacidade de comunicação verbal ainda desenvolvida, como poderia o Homo erectus, ou outro qualquer, sozinho, aguentar tal pasmaceira de vida?! 
Análises e estudos efectuados aos ossos fossilizados de um crânio ajudaram a montar o puzzle há muito por completar. As conclusões parecem dar como certa, a presença de mais duas espécies de Homos no planeta: o Homo habilis e o Homo rudolfensis
Creio que estamos agora mais perspicazes e informados. Não serão precisos dois milhões de anos para concluirmos relativamente à existência de outras espécies de Homos...
Refiro-me em concreto ao Homo oryctopassus cuniculis - clicar para ver foto (oryctolagus cuniculus é o termo científico correcto) e o Homo latronis troikis (ver foto).
E escrever mais para quê?!

                                             (foto retirada do google)

Votos de um bom fim-de-semana.




quinta-feira, 9 de agosto de 2012

"A amizade e o amor segundo uma lógica de bazar" por Miguel E.Cardoso

Miguel Esteves Cardoso escreveu, acertivo, claro e directo como sempre. Há quem não aprecie o seu estilo de escrita. Eu gosto.
Em boa verdade, parece que estamos/somos agora mais desconfiados do que em qualquer outra fase da humanidade.
Culpa de quem, de quê e porquê? As respostas devem ser muitas...

Quando a sociedade começa a formar pessoas demasiado individualistas, egoístas, calculistas, gananciosas, depreciativas... é quase certo que, acontecendo o inverso, a desconfiança  aparece na linha da frente.
Ser-se afável, simpático, sincero, bondoso ou prestativo no mundo actual são qualidades que vão fazendo parte de uma minoria de pessoas; uma minoria em vias de extinção.
Sendo assim, quanto mais raras mais importantes. E se falamos de pessoas, a importância também se manifesta na capacidade de as saber preservar ao longo do Tempo.
Porém, desenganem-se aquelas que por possuirem qualquer uma destas qualidades, se livram dos julgamentos, das opiniões e da desconfiança de terceiros.
"Não há bela sem senão" e como poderia muito bem dizer Miguel Esteves Cardoso: na vida há coisas lixadas de entender!

A Amizade e o Amor Segundo uma Lógica de Bazar 
por Miguel Esteves Cardos


"Desconfia-se do que é dado e pesa-se o que se recebe. A amizade e o amor parecem gerir-se, por vezes, segundo uma lógica de bazar. Já nem é considerado má-educação perguntar quanto é que uma prenda custou. Se esse preço é excessivo chega-se a dizer que não se pode aceitar. Recusar uma dádiva é como chamar interesseiro ao dador. É desconfiar que existe uma segunda intenção. De qualquer forma, só quem tem medo (ou corre o risco) de se vender pode pensar que alguém está a tentar comprá-lo. Quem dá de bom coração merece ser aceite de bom coração. A essência sentimental da dádiva é ultrajada pela frieza da avaliação.
A mania da equitatividade contamina os espíritos justos. É o caso das pessoas que, não desconfiando de uma dádiva, recusam-se a aceitar uma prenda que, pelo seu valor, não sejam capazes de retribuir. Esta atitude, apesar de ser nobre, acaba por ser igualmente destrutiva, pois supõe que existe, ou poderá vir a existir, uma expectativa de retribuição da parte de quem dá. Mas quem dá não dá para ser pago. Dá para ser recebido. Não dá como quem faz um depósito ou investimento. O valor de uma prenda não está na prenda - está na maneira como é prendada.
Hoje em dia, com a filosofia energumenóide e pseudojusta que impera, condensada no ditado ‹‹There is no such thing as a free lunch» é praticamente impossível oferecer um almoço a alguém. Todos os gestos de amor e de amizade são reduzidos ao valor de troca, a uma mera transacção em que é tudo avaliado, registado, saldado, pago a meias e de um modo geral discutido e destruído até estar esvaziado de significado."

 
Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'  

Texto retirado daqui.

sábado, 4 de agosto de 2012

"Africa" revisitada pelos Perpetuum Jazzile

Estávamos num Tempo em que a moda das músicas de intervenção sobre a fome e a pobreza em África rendeu alguns milhões... Não se sabe muito bem quem beneficiou mais, mas isso é outra história; USA for Africa - we are the world - foi a  música mais famosa, como devem estar recordados.
A banda americana Toto também teve o seu momento de glória na década de 80, embora numa escala menor, quis seguir a moda musical da época.
"Africa" faz parte das minhas memórias de adolescente. Confesso que, após ouvir e comparar estas duas versões, prefiro a do coro esloveno Perpetuum Jazzile.
Sem instrumentos musicais e usando apenas o instrumento da voz conseguiram esta pequena maravilha. É harmoniosamente bela a versão desta música!
 
 

A versão coral

 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

L'horloge - Charles Baudelaire

L'horloge

Horloge ! dieu sinistre, effrayant, impassible,
Dont le doigt nous menace et nous dit : " Souviens-toi !
Les vibrantes Douleurs dans ton coeur plein d'effroi
Se planteront bientôt comme dans une cible,

Le plaisir vaporeux fuira vers l'horizon
Ainsi qu'une sylphide au fond de la coulisse ;
Chaque instant te dévore un morceau du délice
A chaque homme accordé pour toute sa saison.

Trois mille six cents fois par heure, la Seconde
Chuchote : Souviens-toi ! - Rapide, avec sa voix
D'insecte, Maintenant dit : Je suis Autrefois,
Et j'ai pompé ta vie avec ma trompe immonde !

Remember ! Souviens-toi, prodigue ! Esto memor !
(Mon gosier de métal parle toutes les langues.)
Les minutes, mortel folâtre, sont des gangues
Qu'il ne faut pas lâcher sans en extraire l'or !

Souviens-toi que le Temps est un joueur avide
Qui gagne sans tricher, à tout coup ! c'est la loi.
Le jour décroît ; la nuit augmente, souviens-toi !
Le gouffre a toujours soif ; la clepsydre se vide.

Tantôt sonnera l'heure où le divin Hasard,
Où l'auguste Vertu, ton épouse encor vierge,
Où le repentir même (oh ! la dernière auberge !),
Où tout te dira : Meurs, vieux lâche ! il est trop tard ! "

Charles Baudelaire (1821-1867)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Gosto da matemática poética de Millôr Fernandes. A do Crato, "jamé"!

Nuno Crato, Ministro da Educação de Portugal e matemático, necessitaria de alguma queda para a poesia, pouco raciocínio lógico e muito sentimento para transformar números em arte.
Infelizmente, a firma Crato&Comp.Lda usa e abusa dos números como todos nós sabemos. 
Para controlar as suas despesas e poder sobreviver, esta pseudo firma elegeu as contas de "sumir"; as únicas com a vantagem, e segundo esta mega-empresa governativa, de deitarem abaixo qualquer sistema educativo, entre outros, enquanto o diabo esfrega metade de um olho só ! É obra.
Enfim! Ainda bem que existe a poesia dos números de Millôr Fernandes 

                    Poesia Matemática
 
Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.
Do livro "Tempo e Contratempo", Edições O Cruzeiro - Rio de Janeiro, 1954