Todos os dias, quase que travo uma batalha com a minha consciência para saber, se o dia me correu bem ou mal, se fiz ou não fiz o que devia, se podia ter feito isto ou aquilo de outra forma... Ao fim de um dia, é a frustração que tantas vezes, toma conta de nós porque não conseguimos obter os resultados que desejaríamos, porque o trabalho rendeu pouco, porque não se conseguiu dar a matéria planeada... porque...
Mas depois, lembro-me que não estou a lidar com máquinas, com números ou estatísticas; é necessário "fazer uma aterragem à superfície" e pensar novamente que estou a lidar com gente, com seres humanos em miniatura que precisam de TEMPO para chegarem onde nós adultos, queremos. A eles, falta-lhes muitas vezes, a ambição e a mim, a paciência.
Dou por mim, então, a pensar... stressar com os insucessos dos outros não ajuda em nada e sigo em frente, pensando no caminho que há para percorrer com insistência, com paciência e com esperança porque, alguma vez aquela criança com mais dificuldade, há-de conseguir ler e escrever, interpretar, contar, raciocinar ou perceber que uma dezena é o mesmo que ter 10 berlindes e que um professor deseja apenas o sucesso educativo dos seus alunos.
Um dos pensamentos que tem passado pela minha cabeça ultimamente e para o qual não consigo ter resposta, é este: como é que eu aprendi a ler e a escrever?!?? Gostava de me lembrar disto e não consigo.
A única certeza que eu tenho, é que foi diferente dos métodos actuais.
Será que me obrigaram primeiro a conhecer todas as letras do alfabeto, escrevê-las, juntá-las para formar sílabas, depois palavras e ler assim de uma "revoada" tudo o que me aparecesse pela frente?!
Guardei o meu livro de leitura da 1ª classe e quando olho para ele, lembro-me dos textos enormes que líamos ao longo do ano, o que me leva a crer que, no primeiro trimestre, um aluno com um percurso normal de aprendizagem, já saberia ler qualquer texto.
Por mais estranho que pareça, o meu livro de leitura até era da 2ª classe (não sei se era uma prática recorrente na época) mas, comparando os manuais do século XXI com este livro de leitura ... não têm rigorosamente nada a ver!
Aos olhos das metodologias actuais e da pedagogia moderna, este livro do antigo regime, chumbaria certamente numa qualquer comissão de avaliação na matéria. Contudo, era o que existia naquele TEMPO e, estamos a falar de 1974 em que, muitos dos textos remetiam para a doutrina política vigente e o país era o que era.
Recordar é viver, por isso, deixo-vos uma pequena amostra do meu livro de leitura da 2ª classe que custou naquela época, 22 escudos e 50 centavos. Era um livro sem graça, pouco atractivo se o compararmos aos actuais, que são coloridos, apelativos e cheios de "nove horas". Mesmo assim, não parecem apelar o suficiente, a atenção e o interesse das nossas crianças ... Vá lá uma pessoa perceber isto!